A Magnamed, indústria 100% brasileira com fábrica em Cotia (SP), está produzindo em ritmo acelerado 6.500 respiradores para o Ministério da Saúde. Os respiradores são importantes para tratar as pessoas com Covid-19.
A empresa, que foi fundada em 2005 por três engenheiros brasileiros, é a maior fabricante de respiradores pulmonares no país.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, anunciou, na semana passada, a compra dos 6.500 respiradores de fabricantes nacionais. “É uma produção que vai direto para o Ministério da Saúde e vai nos dar muita autonomia em relação às compras internacionais que ainda estão muito frágeis”, disse.
Com a busca mundial por respiradores, as indústrias chinesas deixaram de ser uma opção. Os chineses, depois de fechado o contrato, avisaram que não têm produto suficiente e que não poderão cumprir o acordo. Muitos acusaram os Estados Unidos de estarem pagando a multa de rescisão para conseguir fazer a compra antes dos outros.
A Magnamed contará com a ajuda das empresas Embraer, Positivo, Suzano, Klabin, Flextronics, Fiat Chrysler e White Martins para produzir todos os respiradores encomendados pelo Ministério da Saúde. Algumas abriram linhas de montagem, outras produzirão componentes.
“Sentimo-nos honrados em poder ajudar o país nesse momento. Isso só será possível graças às parcerias”, disse em nota à imprensa Wataru Ueda, CEO da Magnamed.
A produção da Magnamed estava em torno de 1.800 respiradores anualmente.
OUTROS FABRICANTES BRASILEIROS
A Leistung, fábrica brasileira de respiradores, fechou um acordo com a WEG, que fabrica equipamentos elétricos, ambas do Espírito Santo, para acelerar a produção de respiradores.
Elas produzirão 500 respiradores para o Ministério da Saúde.
Para o estado do Espírito Santo, as empresas aceitaram vender os respiradores por um preço muito inferior ao de mercado. Cerca de 135 respiradores serão vendidos por R$ 10 mil cada, ao invés de R$ 50 mil.
Na segunda-feira (13), o Ministério da Saúde anunciou a compra de 4,3 mil respiradores da Intermed, que também com fábrica em Cotia. A Intermed foi uma fábrica nacional até 2012, quando foi vendida para uma multinacional norte-americana de tecnologia médica.
PRIMEIRO RESPIRADOR BRASILEIRO
Na década de 1950, o jovem brasileiro Kentaro Takaoka, formado em medicina na Universidade de São Paulo (USP), mas que tinha aspirações de ser engenheiro, criou o primeiro respirador nacional. Takaoka fundou a KTK, importante empresa brasileira de tecnologia médica.
Uma equipe de 40 voluntários está atualizando o respirador de Kentaro, que por sua praticidade no uso e baixo custo de produção pode ser um importante equipamento no tratamento dos infectados pelo coronavírus. O projeto, que foi denominado Breath4Life, está perto de ser homologado.
Um dos idealizadores da atualização, o anestesista Diógenes Silva, explica que esse respirador não substituirá aqueles de UTI, como os que estão sendo comprados pelo Ministério da Saúde, mas pode atender casos menos graves.
“Cerca de 20% dos pacientes infectados não vão evoluir para uma síndrome respiratória aguda, mas ainda assim vão precisar de respirador. E mesmo o paciente mais grave pode ser atendido dentro de uma ambulância no transporte para os hospitais”, disse.
A produção desse respirador custa cerca de R$ 1.500 e é 10% usinada, que diz respeito ao pistão central, e 90% feita em impressora 3D.
“Projeto Brasileiro, extremamente portátil, não necessita de energia elétrica e que feito em impressão 3D pode chegar a qualquer lugar do Brasil e do Mundo, tendo como tempo necessário para seu funcionamento apenas a impressão, união das peças e uma fonte de oxigênio disponível”, explica o site do projeto.