Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

A inflação do país desacelerou em março, registrando alta de 0,16%, uma taxa menor do que no mês de fevereiro quando ficou em 0,83%, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado hoje (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No ano, a inflação acumulada está em 1,42%. Nos últimos 12 meses, os preços avançaram 3,93%.

Enquanto a inflação está em desaceleração, o Banco Central, no seu ritmo de tartaruga na redução da taxa básica da economia (Selic), só está aumentando o juro real (descontada a inflação), ou acelerando o arrocho monetário sobre o setor produtivo e o consumo, travando os investimentos e elevando a inadimplência das empresas e das famílias.

A desaceleração da inflação pressiona pela redução mais acelerada da taxa Selic, que segue acima de dois dígitos, hoje em 10,75%. Como defende o presidente da Confederação Nacional da Indústria, Ricardo Alban, no mínimo uma queda de 0,75 ponto percentual.

Os “agentes” do mercado financeiro, mesmo com a desaceleração da inflação, apostam em queda ainda menor nos juros, que vem sendo feita a conta-gotas de meio percentual a cada reunião, fazendo coro com a diretoria do BC. Para eles, o que importa é zerar o déficit fiscal e garantir a transferência de recursos públicos para os bancos e demais rentistas. Em doze meses, a farra do BC com juros altos custou ao Brasil R$ 747 bilhões.

De acordo com o IBGE, em março, “dos nove grupos pesquisados, seis tiveram alta na passagem de fevereiro para março. Entretanto, grupamentos com peso importante no IPCA apresentaram desaceleração no índice”.

“Essa desaceleração na inflação também é explicada pelo fato de que, em fevereiro, os preços da Educação tiveram alta significativa por conta dos reajustes habitualmente praticados no início do ano letivo, o que não aconteceu em março”, explica o gerente da pesquisa, André Almeida, citando o grupo que saiu de alta de 4,98% para 0,14%.

Sobre o grupo de Alimentação e bebidas que registrou o maior impacto e a maior variação (0,53%), Almeida destacou que “problemas relacionados às questões climáticas fizeram os preços dos alimentos, em geral, aumentarem nos últimos meses. Em março, os preços seguem subindo, mas com menos intensidade”.

A alimentação no domicílio desacelerou de 1,12% em fevereiro para 0,59% em março. A alimentação fora do domicílio (0,35%) também desacelerou em relação ao mês anterior (0,49%).

O grupo Transportes inverteu o sinal e passou da alta de 0,72% em fevereiro para a queda de 0,33% em março. “Influência da passagem aérea, que já vinha de queda em fevereiro, e da gasolina, que havia apresentado o maior impacto individual no IPCA de fevereiro e teve uma alta menor em março”, justifica André Almeida.

Fonte: Página 8