A nova rodada da pesquisa AtlasIntel para a Prefeitura de São Paulo traz cenários favoráveis à pré-candidatura de Guilherme Boulos (PSOL). O levantamento, encomendado pela CNN e divulgado nesta quarta-feira (24), mostra que Boulos é líder nas intenções gerais de voto, num empate técnico com o prefeito Ricardo Nunes (MDB) – 35,6% a 33,7%.

A soma desses índices – que chega a quase 70% – é alta para este período de pré-campanha e reforça a tendência de polarização eleitoral. Boulos é apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto Nunes contará com o ex-presidente Jair Bolsonaro no palanque. Faltam cinco meses e 11 dias para a eleição, marcada para 6 de outubro.

Curiosamente, Boulos – o único nome na disputa que representa efetivamente o campo popular – está em desvantagem no eleitorado de menor renda. Entre aqueles que ganham até R$ 2 mil por mês, Nunes lidera por 42,8%, contra 21,9%. A dianteira do prefeito é ainda maior entre eleitores com renda entre R$ 2 mil e R$ 3 mil: 65,5% a 21,9%.

Até mesmo entre beneficiários do Bolsa Família, os números atuais surpreendem pela liderança de Nunes, que tem 63,1%, ante 16,3% de Boulos. Esse segmento costuma ser um dos mais “lulistas” do eleitorado, entregando, comparativamente, taxas mais altas de aprovação ao presidente e ao governo federal.

Boulos conquista mais intenções de voto à medida que cresce a renda do eleitor. O pré-candidato do PSOL, apoiado por PT, PCdoB, PV, Rede e PDT, está à frente entre eleitores com renda familiar entre R$ 3 mil e R$ 5 mil (41,2%), entre R$ 5 mil e R$ 10 mil (49,3%) e acima de R$ 10 mil (34%).

Sua pré-campanha tem dado prioridade ao debate sobre o programa de governo e a agendas nos bairros, especialmente os mais periféricos e vulneráveis. Ao formar chapa com a ex-prefeita Marta Suplicy (PT), Boulos cristaliza sua afinidade com gestões progressistas em São Paulo, em contraponto aos últimos governos liberais e conservadores.

Se à primeira vista os números parecem ruins para sua pré-candidatura, o espaço aberto para crescer entre eleitores de menor renda é, contraditoriamente, uma ótima notícia. São nesses segmentos do eleitorado que o fator Lula pode impulsionar o voto em Boulos, conforme ficar mais clara a diferença entre os projetos dos dois principais concorrentes à maior prefeitura do País.

Nas eleições presidenciais de 2022, Lula surpreendeu na capital paulista, onde teve mais votos que Bolsonaro tanto no primeiro quanto no segundo turno. Fernando Haddad, candidato do PT ao governo do estado naquela eleição, também teve uma votação superior à de seu oponente, o bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos), que acabou eleito graças aos votos majoritários do interior de São Paulo.

Além disso, o projeto eleitoral de Boulos se preocupará com o diálogo com a classe média, mas terá foco nos eleitores de baixa renda e da periferia. A ousadia de sua plataforma e de seu posicionamento eleitoral pode ser decisiva para garantir a quarta vitória da esquerda em São Paulo em dez eleições municipais.

“A pesquisa expressa o desejo de mudança dos paulistanos”, afirmou Boulos à CNN. O descontentamento de setores de média e alta renda com a gestão Ricardo Nunes será enfatizado na pré-campanha e na própria campanha, que começa, oficialmente, em 16 de agosto. É muito provável que Boulos cresça nas próximas pesquisas e amplie suas chances de vencer a eleição.

A pesquisa Atlas/CNN ouviu 1.629 moradores de São Paulo, de 18 a 22 de abril. A margem de erro é de 2,5 pontos percentuais.